despertaDOR – põe-te no lugar deles

por Ana Marques.

Instalação tridimensional com vídeo e realidade aumentada. O título despertaDOR representa o exacto sentido da obra, que pretende transmitir uma mensagem, consciente de que o faz através do despertar de algum incómodo, que pode ser “dor”, dependendo da sensibilidade do espectador.

O projeto foi apresentado na ParatissimaLisboa, que teve lugar em Alfama em Julho de 2016. Posteriormente integrou a mostra da XIX Bienal de Cerveira, em Vila Nova de Cerveira, estando agora disponível para ser apresentado em outros contextos.

A OBRA

A obra tem a forma de um cubo gigante que se assemelha a uma jaula e é constituído por dois elementos físicos distintos: um corpo exterior construído por pequenas peças de crochet manual, tradicional, suportado por uma estrutura cúbica de alumínio; um corpo interior com a forma de um prisma quadrangular de madeira, que serve de suporte a quatro ecrãs de projeção. Cada um destes ecrãs transmite imagens (vídeo) distintas, em continuidade. Alguns quadrados de crochet desencadeiam mais informação que pode ser visualizada num ecrã de smartphone ou tablet, através do uso de uma aplicação de realidade aumentada (Aurasma) instalada nesses dispositivos.

O CONCEITO

Atrás de uma cortina de crochet, colorida e macia, como se de uma armadilha se tratasse, são projetadas imagens que representam a realidade que os animais vivem atrás de jaulas e dentro de gaiolas. A forma interpela as pessoas, fazendo-as aproximar para ver o que se passa no seu interior.

Os vídeos têm como tema a sustentabilidade do planeta, a exploração animal pela indústria alimentar, os maus tratos e sofrimento gratuito inerentes a essa exploração, e toda a dor presente em formas de entretenimento que exploram os animais, como a tourada ou o circo. Trata-se de actividades encaradas pela maior parte das pessoas como “tradições” normalíssimas – para as quais “todos” contribuímos com a “nossa” falta de informação, de sensibilidade, comodismo ou pura inépcia.

A apropriação da arte popular deu-se nas tardes passadas a tricotar em grupo para construir o corpo exterior colaborativo desta obra (foram 20 as tricotadeiras). Esta tradicionalidade dos materiais e técnicas, tal como a tradição popular que serve de tema aos vídeos, combinam-se com segmentos de media-arte actuais (realidade aumentada), resultando uma obra híbrida, interventiva e potencialmente polémica.

O despertaDOR nas Redes Sociais: 1 |2 |3

Os vídeos podem ser visualizados aqui. Alerta-se para a DOR que podem provocar.

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